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Querendo colo

Quando é que alguém deixa de querer colo? Quando é que alguém chama por outra pessoa – que não a mãe – nos momentos de dor, aflição, medo, angústia, conquistas, alegrias?

Ninguém abre mão do colo materno, do carinho, atenção e conforto naquele abraço em que tudo se torna insignificante, os temores desaparecem, as dores aliviam – “mamãe dá um beijo e já vai passar” e passa mesmo – aquela briga horrível com o namorado, marido, companheiro que desestrutura fica apequenada quando compartilhada com ela; a aprovação do projeto que exigiu tanto empenho e meses de expectativa é para ela comunicado em primeiro lugar; o amigo que trocou de plano existencial, vitimado por um acidente, uma doença repentina ou pelas drogas, deixando aturdimento com sua partida, leva direto ao colo dela; a primeira filha a se tornar mãe é acompanhada por ela desde o momento em que sabe se tornará avó; o desemprego que chega sem aviso, faz com que ela esteja pronta a resolver as pendências financeiras e – se não tiver condições para isto, irá atrás de quem tenha – tudo pelo filho; quando a vida parece que vai levá-lo de roldão em seu ritmo frenético, a calma é buscada junto a ela; quando o vazio bate em sua alma, ela é lembrada como fonte de nutrientes emocionais de afeto, carinho e atenção – seja silenciando, seja estimulando ou apenas fazendo sua comida preferida.

Muitas trazem os filhos ao Mundo e ao tê-los nos braços, se espantam por se saberem capazes de tal façanha – trazer um ser humano “perfeitinho” para este Plano; outras há que sentem de imediato certo distanciamento daquele Ser tão pequeno e indefeso, que se mostra como um desafio – que ela não se sente capaz de enfrentar e, nestas circunstâncias, se estabelecem relações não satisfatórias. Muitas vezes, tais filhos acabam sendo criados por outras pessoas – próximas ou não – e elas não sentem nenhum remorso por isto. Quando isto acontece, esses filhos ao tomarem conhecimento do ocorrido, passam a vida inteira querendo entender o que aconteceu e ansiando por aquele colo em que esteve, às vezes, apenas uma única vez, mas o suficiente para não ser mais esquecido.

Queremos dizer, então, que não existe substituto para o colo materno – nada, nem ninguém, consegue superar os maravilhosos benefícios que ele traz, portanto, quando – se você ainda não é – tornar-se mãe, seja-o por opção, por desejo, por amor, nunca por imposição de ninguém, nem por cobranças sociais.

Gerar outro Ser é maravilhoso, não há tecnologia que supere tal criação e, por isto mesmo, exige responsabilidade e amor, muito, muito amor, para aceitar aquela criaturinha com tudo que ela lhe trouxer de tristeza e alegria, de desafio e trabalho, de aprisionamento afetivo e liberdade de amar, enfim, exige que seu colo seja eternamente o “colo da mãe”, o maior e melhor refúgio do Mundo, onde está a suprema segurança.

Deus proteja TODAS indistintamente, presentes ou ausentes, rígidas ou flexíveis, cuidadoras ou descuidadas, tristonhas ou alegres, sintam-se acarinhadas por todos os filhos que têm, pelos que já se foram, pelos que ainda virão e não esqueçam de lembrar daquelas que lhes possibilitaram, também, a vida.

Muito amor e paz.

 

Anabando

Recebida pela Magali em 27.04.2010

Revisão: Clovis