Desencanto
Para que se desencantem há que ter primeiro se encantado e o que é o encantamento se não um colorido, um brilho maior que foi colocado em um objeto, um projeto, um outro Ser igual a você que, como tal, muitas vezes não suporta ou não corresponde ao que nele foi depositado.
O encantamento é produto da ilusão que se faz presente por não suportarem a realidade da matéria como se apresenta e, principalmente, por não tolerarem aquilo que o outro realmente é.
Há que colorir, polir, endeusar tornar menos desagradável o que o outro lhe mostra, num faz de conta que só serve para iludir, criar fantasias e levar ao desencanto.
Para nós que estamos constantemente próximos a vocês, aportando esclarecimento e apoio, é doloroso perceber o quanto estão – ainda – engatinhando no enfrentamento da realidade em que estão inseridos.
Vemos o pai encantado com as habilidades do filho, muitas das quais são ampliadas por seu olhar amoroso; vemos a mulher admirar o que considera importante no comportamento do companheiro, mas que em realidade diz muito de suas próprias habilidades, pois vê no outro o que tem em si e não consegue expor; percebemos os irmãos de caminhada encantados com os dons mediúnicos do outro, quando no silêncio de sua alma está, muitas vezes, é ansiando por vê-lo naufragar em seu agir, desconsertando a todos.
Assim o desencanto chega, em algum momento, para qualquer um dos que estão na matéria e, por dificuldades ou limitações, insistem em colorir o que é incolorível e fazer brilhar uma luz que não é mais do que o luzir de uma vela.
Quem sabe você, que está a ler atentamente ou não, o que estamos a comunicar, possa neste exato instante dar-se conta do quanto está desencantado com a vida em suas múltiplas manifestações, sem ter consciência de que não é a vida que está inadequada, é você que criou a ilusão de que tudo era diferente do que realmente é e, por isto, agora sofre os dissabores do desencanto.
Caso pare para se analisar, perceberá que não há porque estar desencantado, tudo sempre foi do jeito que é, você é que não tolerou o que via e sentia, tanto em relação ao outro como, principalmente, em relação a você mesmo, sim, pois fez também um mundo especial para si, onde se colocou como uma figura diferenciada, ignorando o que em você é sombra e querendo tão somente destacar o que é luz.
A vida na matéria possui brilho próprio, os projetos, os objetos, as relações são interessantes em si e é desnecessário, portanto, que insistam em agregar algo que não faz parte do contexto.
Deixem que seus sentidos funcionem ao natural, sem a sobrecarga do encantamento, pois eles têm as condições necessárias para que absorva todo o brilho verdadeiro, a cor vibrante, a textura confortável, o som abrangente.
Quando houver encantamento que ele seja produto da alma, que se rejubilará feliz ao constatar seu empenho em evoluir como Ser espiritual, ou seja, encanto baseado na realidade.
Anabando
Recebida pela Magali em 25/10/2011
Revisão: Clovis